terça-feira, 25 de março de 2014

Do fracasso ao casulo

Se acontece com a grande maioria, eu não sei. Sei que aconteceu comigo, e não foi lá muito bom.

            Começarei dizendo que a todos os meus inúmeros fracassos eu empregava nome e sobrenome. Eu cerquei as pessoas com o meu ódio, as chamava de mesquinhas, burras, tapadas. Perguntava-me como podiam agir assim. Estavam sempre a falar nos seus smartfhones, sorridentes, alheias a tudo o que acontecia no mundo. Como poderiam ser assim tão felizes, enquanto eu mergulhava na mais profunda depressão? Afinal, segundo a mentira que eu dizia a mim mesmo, a culpa por ser quem sou não era minha (e aqui eu deixo um pouco da culpa ao Rousseau e sua teoria do bom selvagem. À merda, francês!).
            E eu tomei muitos remédios. Remédios de todas as cores e sortes. Porque comprimidos despertam em pessoas desesperadas um certo fascínio. Eu os enxergava como pura magia. A solução estava ali, naquele pequeno círculo com raio de poucos milímetros.
            E eu bebia também. Talvez tenha bebido o salário de cinco anos inteiros. Nunca mudei de emprego, nunca terminei a faculdade (e tentara por duas vezes, foi como insistir no erro).
            Mas, quando tencionei escrever este texto esperava que algo ocorresse. Uma espécie de redenção. Mas já aqui não sinto vontade de escrever. Foi o que ocorreu comigo no último fim de semana, depois de passar mal e ser carregado até em casa pelos meus amigos. Hoje ainda é terça. O ocorrido foi no domingo. Mas, em alguns momentos alguma coisa queima a minha cabeça. Uma espécie de vergonha, talvez a mesma vergonha que quem estava comigo sentiu. Eu sei que todo mundo já chapou o globo um dia. Mas, as pessoas que estavam ao meu lado eram especiais demais. Até ela estava lá! Mas enfim, aconteceu e agora chegou o momento de mais uma vez me afastar, ficar longe de todo mundo. Ler e ver filmes no sofá, beber muita água e, quem sabe, morrer no ostracismo.

            Mas eu não morro, sou desimportante demais pra me levar a sério.


Mas eu volto pra contar essa história com detalhes...

Um comentário: