Escolher
uma profissão não é nada fácil. Enquanto jovens sempre acalentamos a ideia de
sermos exímios profissionais, afamados, requisitados, endinheirados. Da
escolha, ainda enquanto jovens, apontamos o dedo àquela profissão que se
aproxima das nossas afinidades, aquela com a qual sentiremos imenso prazer em
exercer, regozijaremos frente às intempéries e às noites em claro porque isso é
ser louco pelo que se faz. Mas, enquanto jovens, a exaltação é o pulso. A verve do
pulsar. O sem-vergonhismo de quem tem uma vida inteira a desbravar. A
jovialidade é mesmo bela e forte! Mas e o brainstorm?!
Olha, como estudante, nestas últimas
aulas de redação publicitária, tenho sentido o peso futuro da responsabilidade.
Entendemos que escrever um texto publicitário tem as suas regras (um forte
abraço ao Aristóteles onde quer que ele esteja), mas a criação em conjunto é um
percalço que tem me feito sentir um pouco as futuras agonias; é preciso viajar
na maionese, sim! Somos redatores num mundo cada vez mais visual. O ambiente
pós-moderno prima pela apresentação das coisas – é opulento! Queria eu, de
verdade, ter vivido nos século XVIII ou XIX pra assinar os folhetins e ler as
novelas-romances! Texto era tudo naquela época! As imagens serviam para
representar algo, o conceito girava sempre em torno disso, afora a temática, ou os
impressionistas (meus prediletos!); mas, definitivamente, a fonte para o desabrochar
da imaginação das moças reprimidas com uma
vida de encantamentos fúlgidos (mesmo as adúlteras, como a célebre Madame
Bovary) eram os romances, os Balzac’s, Sthendal’s, os Vitor Hugo’s – a
literatura francesa é mesmo rica! O cinema ainda longe, o surrealismo ainda
longe, o Freud ainda um pouco distante, o Duchamp também... os textos e o
teatro embriagavam!
Mas, estamos nós aqui, na era da
informação a criar textos para vender produtos e para vender ideias; conceitos
que nortearão a vida das pessoas, textos que tocaram o emocional, que farão
rir, chorar. Na última aula de redação tivemos que criar um texto publicitário
completo com chamada e assinatura, usando a estrutura aristotélica para o corpo
textual (mais uma vez, cara, espero que, onde estiver, esteja feliz dialogando
com Sócrates em sua maiêutica ou viajando na maionese no mundo das ideias de
Platão!). Mas escrever em conjunto, com os colegas de agência tem sido
complicadíssimo pra mim. Não vou negar que sou chato, que monopolizo algumas
vezes, quero que apenas a minha ideia seja levada em consideração, mas o meu
grupo é demais, rimos bastante. Acho que eu sou o chato da turma! Preciso
trabalhar meu senso de trabalho em conjunto.
A sexta-feira tava quente pra
caramba! Tive meus quinze minutos de fama entre o pessoal da sala quando o
professor disse que o Germano leu os textos de todo mundo e gostou do meu (até
postou no perfil dele no Facebook!). Fiquei feliz demais! Demais mesmo!
Motivação ao cubo pra escrever – o que dá pra se perceber aqui, né senhor
Thiago, as quatro laudas já se perderam faz tempo!
Mas,enquanto jovens, somos
assim mesmo, até lermos um pouco de
Borges e um pouco de Saramago... e um pouco de Sartre! Pronto, caímos no vazio
das centenas de milhares de informações nesse cenário sem nada de definido e palpável que é o pós modernismo e nada de
grandes acontecimentos nas nossas vidas gasosas.
Chega, né?