quinta-feira, 21 de junho de 2012

Série Diário de Bordo: Aula de Revisão

   Este post vale 0,25 pontos a mais na média bimestral de Redação Publicitária. Trata-se do último post do bimestre, aliás, do semestre. A aula foi a revisão de todo o conteúdo apresentado nestes longuíssimos dois meses. E revisão, me parece, é sempre uma coisa vaga demais, como se folheássemos uma revista que já houvéssemos lido atenciosamente. Mas escrever este pequeno texto vai além.
   Neste bimestre não me comprometi o suficiente com as postagens do "diário de bordo". Difícil determinar uma razão. O professor encheu de realidade o nosso copo: "são apenas algumas linhas para serem escritas em uma semana". Me fez pensar na minha vida acadêmica e no quanto ela nos modifica, mais do que o próprio conteúdo aprendido. Os professores, mais do que mestres, fazem questão, pelo menos alguns, de nos encher o copo de ralidade. O Thiago que ingressou na Universidade o ano passado, não é o mesmo Thiago que escreve este texto agora, e provavelmente não será o mesmo ao terminá-lo, como se fosse feito de areia! 0,25 é o valor deste post.
   Por falar em areia, por esses dias li um conto do Jorge Luis Borges, "O outro", em que ele conta o dia em que encontrou a si mesmo mais jovem, sentado num banco à beira de um rio de não sei que lugar de Chicago, ou Nova Iorque. Era o Borges novo que conversava com o Borges velho e reviam suas predileções literárias e que se perguntavam sobre si mesmos e sobre seus familiares. Havia uma disparidade não só na leitura, mas na forma de enxergar a própria vida.
   Eu iniciei este texto querendo expor o quanto me sentia triste em não ter postado muita coisa no decorrer deste bimestre, mas terminei carregando o texto de incertezas. E talvez sejam as incertezas que todos os estudantes têm ao se perguntarem o quanto tudo isso vale a pena.
   Não sei se vale 0,25 pontos. Talvez valha apenas pra entender que, como nós, as aulas de revisão se parecem com areia.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Série Caderno de Estudos: Dialética do Esclarecimento, de Adorno e Horkheimer – Parte I. Do tradutor, Guido Antônio de Almeida (UFRJ).


Em primeiro lugar, a NOTA PRELIMINAR DO TRADUTOR, que precede o prefácio e o conteúdo da obra em si, quer denotar não apenas a opção de escolha mais cabível de tradução da palavra Alfklarüng por esclarecimento. Elas são correspondentes.
            ESCLARECIMENTO nos remete ao Iluminismo ou Época/ Filosofia das Luzes. Traduz em si mesma, portanto, um conceito histórico-filosófico – as trevas da ignorância e do preconceito (religioso, político, sexual, etc...) são vencidas pelo ESCLARECER das coisas.
            O tradutor nos chama a atenção, ainda, pelos trabalhos que vinham sendo realizados em cima desse conceito histórico filosófico da palavra esclarecimento. Em Kant, num texto seu célebre por sinal, esclarecimento é “um processo de emancipação intelectual resultando, de um lado, da superação da ignorância e da preguiça de pensar por conta própria e, de outro lado, da crítica das prevenções inculcadas nos intelectualmente menores por seus maiores”. Calhou com o objetivo de estudo de Adorno e Horkheimer, que pretendem com esse termo designar o processo de “desencantamento do mundo”. As pessoas, “amedrontadas diante de uma natureza desconhecida”, recorrem a ignorância face a tal natureza, cercam-se numa zona de conforto, livram-se de esmiuçar o “veredicto da verdade” e empregam-se a si mesmas uma “treva branca”, do qual nos fala José Saramago em Ensaio sobre a Cegueira, necessária para o embrutecimento e mecanização do pensamento.
            O esclarecimento de que tratam difere nesse sentido do Iluminismo, que remonta a um período e escola determinada da história. O esclarecimento é esse processo de desmitologização por excelência que encontra na ci~encia e na filosofia as suas bases e o seu prosseguimento.
            No entanto, este termo tem origem no próprio mito. A mitologização do esclarecimento – o homem que vai de encontro ao conhecimento dos processos de ler e dominar a natureza e, assim, acaba se naturalizando. E isso esbarra no processo civilizatório do homem.
            Para terminar e ratificar a escolha de Esclarecimento para o que Kant, Adorno e Horkheimer conceituaram, o tradutor traça um paralelo: Iluminismo não poderia ser, pois este é o termo conotado pela iluminação mística, a Luz Divina, e queremos fugir disso. Ilustração requer instruir-se por meio do estudo e da leitura; Esclarecimento é o resultado da REFLEXÃO e da CRÍTICA.